sexta-feira, 24 de julho de 2009

Pacientes com DMRI acabram cegos

Foi na última sexta-feira, no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, que 6 pacientes foram operados à Degeneração Macular Relacionada com a Idade.

Todos foram operados no mesmo dia, 4 deles a um dos olhos e 2 pacientes foram operados aos dois. Após a operação, nem luzes estes pacientes conseguiram ver com os olhos que tinham sido submetidos a uma intervenção cirúrgica.

A cirurgia é bastante simples, pois consiste em injectar uma determinada substância no olho, de modo a combater e secar os vasos sanguíneos, sabendo que é o excesso dos mesmos que provoca a referida doença.

Numa primeira fase várias justificações foram apontadas para o sucedido, como a contaminação do material injectável ou a anomalia no lote, no entanto vários pacientes tinham sido tratados recentemente com o mesmo lote e não houve registo de qualquer problema.

Consegui-se apurar que o medicamento usado teria sido o Avastin, um medicamento aprovado para tratar o cancro, mas não os olhos. Medicamento este que em 2008 provocou mais de 300 infecções.

Vários hospitais como o de São José, Capuchos, Santa Marta e Dona Estefânia, em Lisboa, e o de São João, no Porto já suspenderam a administração do medicamento.

Isaura Rodrigues, 54 anos, está preocupada com o estado da irmã – Maria das Dores Rodrigues Monteiro, 53 anos, viúva – que se encontra internada no Hospital de Santa Maria, tal como os restantes cinco doentes a quem correu mal o tratamento. "A minha irmã foi operada aos dois olhos. Via alguma coisa e fazia a sua vida. Negociava em carros e viajava. Agora não vê nada, está cega", conta Isaura, que receia por Maria das Dores: "Não se conforma com a cegueira e os médicos não dizem que vai passar. Diz que se mata e que se atira para debaixo de um carro se continuar sem ver nada. Tenho medo que o faça."

"Ninguém me avisou, ou ao meu marido, dos riscos da utilização do medicamento (Avastin)", disse Maria Gorete, a mulher de Walter Bom, um doente que ficou cego dos dois olhos depois da referida intervenção.

A preocupação está presente nas vítimas e seus familiares, pois podem ter perdido definitivamente aquele que todos consideram o seu bem mais precioso - a visão.

Ana Jorge, ministra da saúde, não comenta antes de haverem conclusões do inquérito que está a decorrer.

As vítimas afirmam que vão recorrer à justiça e o Estado vai ter que responder, pois a farmacêutica alertou para a ocorrência de possíveis danos no uso oftalmológico. Face a esta situação a idmenização por parte do Estado a estes pacientes é óbvia, e já se admite um acordo extra-judicial com as vítimas de modo a defender a imagem do Estado e do hospital em questão.

Este mesmo hospital já noticiou que vai pagar tratamento no estrangeiro aos pacientes no caso de ser necessário, sendo estes custos suportados pelo próprio hospital e também pelo Ministério da Saúde.

Espera-se que tudo acabe bem, tendo estes pacientes a sua visão de volta!

Fonte: DN, SIC

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