segunda-feira, 6 de setembro de 2010

I-Qmed era um "low cost" das cirurgias

A clínica de oftalmologia e Beleza I-Qmed, em Lagoa, onde três doentes ficaram cegos após cirurgias, pratica preços "muito mais baixos" do que outras no resto do país, sendo conhecida entre os médicos por fazer intensa publicidade na internet.

"Uma cirurgia refractiva naquela clínica de Lagos custa 595 €/olho, mas não há nenhum sítio em Portugal que seja menos de mil euros", constatou o oftalmologista Fernando Vaz, responsável pela Secção de Cirurgia Implanto-Refrativa de Portugal da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia, em entrevista à Agência Lusa.

Outra das cirurgias "low cost" (baixo custo) praticadas na clínica de Lagoa é a da colocação de lentes intraoculares (LIO), em que o valor pedido aos pacientes era praticamente o custo das lentes.

"A colocação de LIO lá custava, tanto quanto sei, 1100 euros, e às vezes quando as pessoas eram operadas aos dois olhos ao mesmo tempo e, que na maior parte dos centros não se faz, os custos eram ainda menores. Na maior parte dos sítios que conheço essas mesmas cirurgias custam entre 2250 a 2500 euros", acrescenta o oftalmologista Fernando Vaz.

Os preços mais baixos e a intensa publicidade na internet praticada pela clínica de oftalmologia de Lagos, cujo responsável é o médico holandês Franciscus Versteeg, suscitaram a curiosidade dos médicos portugueses, nomeadamente quando enviavam publicidade por correio eletrónico.

Segundo Fernando Vaz, os colegas médicos da especialidade de oftalmologia trocam correspondência eletrónica de trabalho e quando escreviam cirurgia ocular no e-mail, aparecia logo, ao lado, publicidade à clínica.

"O médico holandês era praticamente o único oftalmologista estrangeiro que estava a atuar com bastante impacto cá em Portugal", acrescentou o médico.

Três dos doentes operados a 20 de Julho na clínica de Lagoa e agora internados no Hospital dos Capuchos, em Lisboa, ficaram irremediavelmente cegos do olho submetido a cirurgia de cataratas, estando uma quarta paciente em risco de cegar dos dois olhos.

A Procuradoria Geral da República abriu um inquérito ao caso ocorrido na clínica I-Qmed de Lagoa (Algarve).

Desde que abriu, em 2003, que a direção da clínica começou a tentar obter licença junto da ARS/Algarve e Direcção-Geral de Saúde, sendo também referido um pedido de vistoria sanitária ao delegado de Saúde de Lagoa "para agilizar o processo".

O delegado de Saúde do Algarve desvalorizou hoje, quinta-feira, o facto da clínica de Lagoa estar a funcionar irregularmente, apesar de ter feito vários pedidos de licenciamento com nomes diferentes, afirmando que se trata de uma "questão formal".

Fonte: JN

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